05 julho 2008

Li há muitos anos atrás que o amor não é onipotente, onisciente, não se basta sozinho. Do alto dos meus dezoito anos, interpretei amor de uma forma restrita: o amor entre um homem e uma mulher. Hoje sinto que o amor que não é onipotente, não é onisciente e não se basta sozinho é o amor de forma ampla e irrestrita. E não só o amor. O amor, o carinho, o respeito, a amizade, o coleguismo, a lealdade. Nenhum sentimento se basta sozinho. A condição humana exige muito mais.


Hoje era pra ser um dia feliz, mas Larissa acabou o dia muito triste.

29 junho 2008

O dia em que minha ficha caiu


Eu já sabia que este dia ia chegar. Eu sabia que isto ia acontecer. E confesso que achava que estava preparada para quando o dia chegasse. Tanto que nunca me preocupei com nada. Só esperei este dia chegar. E hoje ele chegou.


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Engraçado como a vida é, né? Acompanhei a vida do meu irmão bem de perto. Ele é rapa do tacho e eu fiquei em casa até casar. Além disso, são quinze anos de diferença. Era de se esperar que eu no mínimo percebesse que ele estava crescendo. Mas acreditam que eu não percebi? Quero dizer, eu vi que ele tava crescendo pra burro, dentro dos limites da genética, claro!! Aí eu vi que ele tava começando a ir pro shopping, queria ir ao cinema com os amigos, comer sanduba no Eddie’s; começou a se preocupar com a aparência, querer usar roupa bacana. Eu vi que as espinhas não apareceram, mas vieram uns cravinhos (eu e meus eufemismos!) que eu negocio pra tirar. “Só dez, Beto, dez cravos e eu juro que não encho seu saco mais.” E o coitado deixando. Vi que ele deu sorte da voz não afinar igual na piadinha do copo de leite e mais, deu sorte de ter um vozeirão. Aí um dia eu vi que o menino tava com cabelo no peito!! As pernas já estavam cabeludas tinha tempo. E como fica lindo meu irmão de terno, gente!! Pediu gravata emprestada pro meu marido outro dia. As festas de quinze anos tinham chegado. Enfim, eu vi meu irmãozinho virar um rapaz.

Só que eu esqueci que rapaz beija na boca, né?! Aí hoje eu tenho a notícia que o menino tá namorando!!! Como assim, tá namorando?!! Com ordem de quem? Quem deixou? Como assim?!! Pois é, assim mesmo. Aí fui procurar saber quem era a menina, né? Pelo menos saber como é a minha cunhadinha. Pois não é que a menina é gatinha?


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Hoje o horário do almoço deve ter sido um suplício pro meu irmão. Coloquem-se no lugar dele: você com dezesseis anos, primeira namorada assumida em casa, com mãe leonina e irmãs taurinas te metralhando de perguntas enquanto a comida do seu prato esfria? “Não faça com ninguém nada que você não queria que fizessem com suas irmãs.” “Não pode colocar chifre, hein, Beto? Ninguém é obrigado a namorar. Se não quer mais, termina, mas chifrar, não!” E o coitado ouvindo a ladainha e dizendo “já sei, já sei”. E bem humorado o menino!! Ainda bem. Mulher nenhuma agüenta homem mal humorado.


Larissa ficou meio em estado de choque ao saber que seu “irmãozinho” está namorando e admite que está achando bacana demais!!!